Sistema inovador e ecológico de construção baseado em painéis modulares isolantes feitos em madeira e cortiça (IMIP)

 

No quadro de uma transição ecológica e justa, precisamos urgentemente de políticas ativas, para mitigar as alterações climáticas, centradas na redução da concentração na atmosfera de gases com efeito de estufa. Com 40% da energia consumida, o sector da construção apresenta -se com grande potencial. Este setor continuará a fazê-lo nos próximos anos, na fase de recuperação após a crise da COVID-19, com a projeção e construção de edifícios novos ou reabilitados.

Com vista a reduzir o consumo de energia, a eficiência energética dos edifícios não deve ser apenas considerada durante a sua fase de utilização, mas também deve ser considerada na sua fase inicial da construção e na fase final da demolição. Neste sentido, os materiais renováveis de origem biológica como a madeira ou a cortiça terão um papel importante num futuro próximo. Não são simplesmente materiais biológicos leves, cujos processos de produção e transformação industrial (incluindo a possibilidade de pré-fabricação modular) emitem menos gases com efeito estufa do que seus concorrentes (betão, aço, alumínio), mas também armazenam carbono atmosférico, comportando-se ao longo do tempo como sumidouros. Graças aos avanços tecnológicos, desapareceram dos regulamentos atuais as antigas limitações técnicas do uso da madeira para construção. Muitas destas limitações deveram-se à falta de conhecimentos dos utilizadores: arquitetos e engenheiros. Um exemplo, é o aparecimento do Cross Laminated Timber (CLT). Este material consiste num painel pré-fabricado leve e homogéneos, capaz de ser utilizado como material estrutural em edifícios com mais de 20 andares de altura, como é o caso do edifício HoHo em Viena.

A madeira utilizada na produção de CLT provém de florestas produtivas do Centro e do Norte da Europa, principalmente da Escandinávia, Áustria e Alemanha. A madeira de pinho mediterrânico não tem sido utilizada na construção devido à sua inferior qualidade. É utilizada em produtos de baixo valor acrescentado, como é o caso na produção de bioenergia ou na produção de paletes para o transporte de mercadorias. Estes produtos de baixo preço mal cobrem os custos de abate, que muitas vezes dependem de subsídios públicos ligados à prevenção de incêndios.

O grupo de investigação ICT (ICT Against Climate Change Research Group) da Universidade Politécnica de Valência lidera um projeto europeu no qual com a colaboração dos parceiros espanhóis, franceses e portugueses tentará encontrar um uso alternativo para a madeira Mediterrânica agregando-lhe maior valor do que o atual. Durante os três anos do projeto, que teve início em maio, serão desenvolvidos e testados painéis em sanduíche (CLT) feitos com madeira de pinho Mediterrânico (pinho de Alepo e pinho marítimo) e com uma camada interior de cortiça expandida, para melhorar o seu desempenho como isolante térmico e acústico. O especto inovador deste novo produto (painéis CLT) é a sua produção a partir da madeira de pinho proveniente de desbastes ou de intervenções silvícolas de prevenção de incêndios florestais, utilizando tecnologias já existentes, como sejam as utilizadas no fabrico de paletes. O objetivo da utilização deste produto construído com recursos biológicos autóctones visa principalmente melhorar a eficiência energética dos edifícios ao longo de todo o seu ciclo de vida, mas também contribuir para o aumento da rentabilidade das serrações locais, para promover uma melhor gestão florestal e, consequentemente, promover a fixação da população rural em Espanha, Portugal e no Sul de França.

Este projeto conta com a participação de uma equipa multidisciplinar liderada por engenheiros florestais e arquitetos. O projeto irá conceber protótipos dos painéis, que serão modulares para facilitar a sua montagem, e através de ações-piloto serão utilizados na construção e reabilitação de quatro edifícios públicos. Um dos principais produtos produzidos será um plug-in de BIM (Building Information Modelling) para incorporar os benefícios do ciclo de vida dos materiais utilizados, como o stock de carbono. Esta ferramenta será usada principalmente por profissionais do setor da construção e investigadores para avaliar a pegada de carbono dos edifícios.

De acordo com o cronograma, os resultados do projeto serão apresentados durante o ano 2022, incluindo a construção dos edifícios-piloto. Dentro dos vários resultados esperados um roteiro será concebido para apoiar o setor publico, a fim de melhorara as políticas de eficiência energética em edifícios públicos e casas no sudoeste da Europa (espaço SUDOE), usando recursos florestais de origem local.

Os parceiros do projecto são:
- Universitat Politècnica de València, Institute of Information and Communication Technologies
- Instituto Nacional de Investigación y Tecnología Agraria y Alimentaria, Centro de Investigación FORestal Departamento de Dinámica y Gestión Forestal
- Institut Technologique Forêt Cellulose Bois-construction Ameublement
- Asociación Clúster de la Construcción Sostenible de Andalucía
- Asociación de Investigación Técnica de las Industrias de la Madera
- Agencia Andaluza de la Energía
- Instituto Valenciano de la Edificación Fundación de la Comunitat Valenciana
- Universidade de Lisboa, Instituto Superior de Agronomia
- Pôle de Compétitivité XYLOFUTUR

O orçamento total do projeto é de €1,326,163.51, dos quais 75% são financiados pelo programa Interreg SUDOE.

Para mais informações sobre o projeto, entre em contato com Pau Brunet

sudoe-imip-wood-pallets-web
sudoe-imip-pallets-web